sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

BBB, o sentido da vida e o meu cool

Eu estava pensando (tal atividade às vezes me oprime) em como um programa que - pelo menos oficialmente, nas mesas dos bares da vida, na roda intelectualóide ou pra uma pessoa que se acabou de conhecer - é visto como no máximo um alojamento para idiotas escolhidos a dedo, cada um representando um perfil caricatural dos vários tipos humanos da nossa sociedade... Ou no mínimo uma bosta mesmo. Sim, mas a questão é, como isso entra na sua décima edição e com participação massiva das pessoas. "É mesmo?" - não venham com essa, 80% das pessoas com quem lido (artistas, professores, universitários, escritores) sabem do que se passa dentro daquele circo.

Eu no meio do mundo, com um megafone hippie, grito, em tom de angústia: PORQUEEEEEEEEEEEEEEE??? (com eco)

Dando uma - dando uma de psicanalista: todo mundo gosta de ver. Novidade! Vou além: prestar atenção demais no outro tem, no mínimo, umas duas funções: aprender ou confirmar comportamentos e/ou esquecer da pobreza da própria existência mergulhando nas dos outros. Ohhhhhhhhh!!! Oui! Botem uma moça com síndrome de down se apaixonando por um cego; uma albina fazendo altas reflexões sobre ecologia ao lado de um paraplégico enquanto que um rapaz sem dentes questiona a introdução das novas tecnologias na criação artística a um surdo-mudo. Peguei pesado. Mas vejam... ver o quê? A televisão terá sido desligada há muito tempo - salvo os albinos, paraplégicos, pais e mães das pessoas com síndrome de down (além dos próprios) e os cegos (isso não é pra rir) gastariam momentos de suas existências diante desse "reality show". A pobreza, as insuficiências da própria vida bastam, né? Oui - ninguém precisa se torturar vendo o que não quer pra ganhar um lugar num céu cuja existência é incerta. Sejamos belos, felizes, lindos, saltitantes e hi-tech! Eu queria um iPad...

Mas...

Não fujam dos "mas", sempre há um "mas". Não é pecado ver - essa palavra aliás é muito démodée e tem sentido apenas poético. Mas: não se ver é que é pecado. Não se ver vendo e fazendo é pecado. Construir foguetes, falar coisas difíceis e transar no Netuno Motel não é o que nos diferencia dos outros animais - mas sim falar sobre o que se fala, pensar sobre o que se pensa, ver a própria visão. (Profundo demais? Um pouco mais de fôlego, please, a superfície tá cheia e é fácil demais). 

O que eu queria dizer é...

Vejam BBB, pensem no sentido da vida, sejam cool - mas saibam disso.

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