sexta-feira, 19 de março de 2010

Esse dias eu vi: Direito de amar


 Com um título desses minhas expectativas eram consideravelmente desconsideradoras. Tudo bem, não tinha lido a sinopse (30 segundos na net?) e claro que há um certo grau de burrice nessa avaliaçao do conteúdo pelo rótulo. (Peguei em Misto quente, do Bukowsky com nojo - pra depois nem migalha sobrar). Hei de voltar ao assunto do título em português.

O tecido da história é todo recortado: um pouco de meio no começo, um pouco de início na terceira quarta parte do filme, etc. Temos um homem que chegou aos seus quarenta ou talvez quase cinquenta anos vendo-se sozinho depois de perder o companheiro num acidente de carro. Vivera 16 anos com esse rapaz, mais novo do que ele e com quem construíra uma relação de amor intenso e verdadeiro (romântico) em plenos anos 1960. O filme narra o dia em que decide se matar do início da manhã até o fim da noite.

Vemos beijos, palavras meigas, lágrimas, muitas lágrimas, sorrisos, rapazes belos  flertando com o professor quarentão e bonitão. A amiga do professor bonitão, a Julianne Moore é apaixonada por ele, e sem saber, ao ligar à noite, relembrando o encontro deles mais tarde, faz com que o professor solitário adie por mais algumas horas seu suicídio. Mas eles brigam, e depois cabe a um aluno ousado mais um adiamento, altas horas da noite, desse suicídio.


Era pra tudo ter terminado bem. E as minhas lágrimas estavam se enxugando quando a m**** aconteceu no fim do filme. Um pqp brotou como uma agonia no escuro do cinema. Mas foi uma iluminação: Ele precisou cortejar a morte pra saber o valor da vida - e quando finalmente quis viver... vejam o filme. Esse é do tipo que deixa você com a cara doendo do tapa - e ontem, só o vento morno da noite dessa cidade tórrida, ao lado do meu amor (nuvens claro-escuras ao nosso redor) pra fazer essa dor na cara arder menos.








Quanto ao título: em inglês é claro e límpido: A single man. Homem solteiro, solitário, singular - sobretudo singular. Em português ficou parecendo um drama romântico Z: a jovem menina gorda e nerd sofreu um acidente e se apaixonou pelo enfermeiro loiro, forte e de olhos azuis... argh.

Levem lenço para Um homem singular. ("Um homem especial"? "Singular"? "Um homem só"? "Só um homem"? etc)

4 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Odeeio o que as traduções no mínimo sem sentido dos títulos de filmes fazem. Qualquer ligação entre o título original e o título em português é mera coincidência... Além de ser uma tradução totalmente infiel, faz com que se tenha uma impressão ridícula do filme. E não acho errado julgar um filme ou um livro pelo título (capa),pois é o título que nos atrai e nos leva a realmente conhecer o filme. Assim como preferiríamos conversar com um rapaz belo, em vez de puxar assunto com um desdentado caraolho, seria mais atraente ver "a single man" do que "direito de amar".

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  3. A burrice de julgar o conteúdo pelo rótulo está em que a burrice do título pode ser proposital - ou pode estar relacionado diretamente com o conteúdo de uma forma que só vai entender quem ver o filme, ou ler o livro, etc. Dei o exemplo do Misto quente. Muita gente torce o nariz só pro título. Este último engana. Verônica decide morrer, ou O idiota ou até Grande Sertão: veredas...

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  4. Ah, Verônica decide morrer ilustra o q digo no sentido de que o título é muito bom, enquanto que, etc, etc. Hihihi.

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