quarta-feira, 31 de março de 2010

O medo

O medo não é uma sensação, um sentimento - é mais do que isso: uma síndrome. No corpo é um coquetel de substâncias que são jogadas no sangue fazendo com que a pessoa mais calma e sensata do mundo dê um pulo mortal, um grito, um soco... O contrário também é verdade.

O medo paralisa, o medo estupidifica, o medo. O medo, o medo, o medo.

Uma coisa no entanto é aquele gosto de vacina que se sente na boca diante de uma situação de alerta, de risco (real ou não... aliás, a noção de real... fechemos esse parênteses, a questão é importante): a noção de real e ou irreal é irrelevante aqui. O medo, assim como outros estados fundados em emoções ou sentimento fortes, tem o poder de abolir as fronteiras entre uma coisa e outra, entre uma ilusão e um fato (na verdade, a diferença entre um e outro se encontra na reflexão - mas isso é pra outro momento. Para a pessoa que tem medo, a existência do objeto é certa.





Sim, mas como dizia, uma coisa é o medo da adrenalina, na hora, naquele exato instante. Outra coisa é o medo reflexivo - como assim? Aquele medo que só é percebido depois, quando se relê um acontecimento ou um ato tais como uma agressão aparentemente gratuita ou a desagradável hipertrofia de uma discussão que nem deveria ter existido. O medo às vezes também move montanhas. Se significa reação diante de algo, positivamente a mesma reação na direção contrária é uma ação - em geral negativa...

O medo cega, o medo confunde, o medo paralisa.

Qual o segredo então? Digo, pra se acabar com o medo.


Sei lá!

Vai depender do medo. Um medo de alturas não é o mesmo medo que alguém tem de perder alguém. Radicalmente falando, o medo é algo sempre individual - sim, pois mesmo uma galinha sabendo ou entendendo que a mão que a alimentava agora vai pegá-la como alimento, ao correr, se pudesse fazer as reflexões que se fazem aqui e entendesse que o medo é coisa da sua cabecinha de galinha e que portanto, poderia tentar arrumar um jeito de controlá-lo (com meditações ou o que quer que fosse), seria mais feliz, ou menos infeliz, mesmo diante da morte...

Enfrentar o medo, diluir o medo, ou eliminar o objeto do medo são algumas possibilidades. A última foi usada por Hitler, a segunda é a técnica budista, a primeira é dos livros de auto-ajuda ou da experiência pessoal de pessoas eficazes e efetivas no funcionamento da nossa sociedade objetiva e corajosamente burra. O problema é que no auge do medo é difícil seguir, por exemplo, a técnica da diluição do medo... Então parece que devemos tratar dele, do medo, antes que ele apareça - como se fosse uma doença.

Voilà.

Les dernières années de ma vie sont riches en motivations pour le courage et pour la peur aussi. L'entreprise d'affronter les peurs parfois a du succès, parfois non. Le courage poursuit, pourtant... Mais pas besoin de faire l'analysé devant le psychanaliste...

"Eu não tenho nenhum medo" - como diz David Duarte... se bem que isso é mais um mantra do que a verdade.


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