sexta-feira, 21 de maio de 2010

House


Os olhos azuis, a eterna barba, a falta de sorriso. Não seria bem isso que chamaria a atenção de tanta gente. Um médico cínico, frio, egoísta e narcisista... também não. E então?

Gregory House é a figura do soilitário - o fato de ser dotado de uma sensibilidade quase sobrenatural para a detecção de doenças e para o raciocínio em relação às mesmas o transforma no CDF crescido com problemas de realação, o que quase que automaticamente força a nossa piedade. Solitário porquê? Porque hiperbolicamente House é cada um de nós: o umbigo é o centro do universo; a diferença é que as horas e os dias que gastamos em demonstrar o contrário House diminui para alguns minutos por dia.

A série prima por transmitir o ar frio, frenético e "inteligente" da maioria dos seriados americanos. Claro que a noção de frio e sobretudo de inteligente dos americanos é fluida e mereceria ser discutida. Os diálogos rápidos exigem diligência do espectador, o vocabulário médico nos hipnotiza, como se observássemos bruxos falando de asas de morcego e unhas de gambá preto... Cada paciente é uma esfinge, que têm seus mistérios decifrados por House depois de um longo caminho de erros e atropelos, cuja extensão termina quase sempre numa iluminação à la Buda que sempre nos faz admirar mais ainda o dr. cínico.

Traição, homossexualidade, amizade, amor,solidão, morte, ciúme, egoísmo - temas que se apresentam na série a toda hora de uma maneira objetiva, direta, "inteligente" e inteligente, e por vezes dura; a maestria de um homem manco que domina meia dúzia de outras pessoas inteligentes e periclitantemente humanas; situações limite com dramas e pseudo-dramas muito bem dosados para induzir o paciente-espectador ao vício... Eis House.



Depois de Arquivo-X e Futurama, voilà o meu novo vício.