terça-feira, 3 de agosto de 2010

I don’t love you Phillip Morris.

É certo que por toda parte janelas abrem-se pra falar de homossexualidade e de temas correlatos. É verdade que nunca se teve tão pouca discriminação – pelo menos no mundo das latinhas de entretenimento americanas, produzidas em massa também no Brasil – quanto a tal assunto.

No entanto, de vez em quando, o que aparece é um discurso ambíguo, uma coisa meio confusa, que combina tolerância e igualdade na superfície, mas que mais embaixo esconde um teor cínico e reacionário...




O golpista do ano, ou, I Love you Phillip Morris fala duas línguas ao mesmo tempo. A Wikipedia conta a história, leiam. Uma é o idioma do “let it be” midiático atual, que uma hora ou outra serve por tabela a alguma causa. Outra é um balbuciar, uma reza baixinha que parece repetir uma ladainha tradicionalista, intolerante, cheia de preconceitos – mas tão baixinho que vc mal escuta... Classificar o filme como homofóbico não seria justo porque simplesmente, e infelizmente, é mais complexo do que isso o processo de classificação. No entanto, no filme, os estereótipos, os preconceitos e uma certa mesquinharia pululam em todo lugar... Exemplo: o menino singelamente deitado na relva com outras criancinhas, que vê um pênis nas nuvens... que diabo é isso?

Mas não sejamos precipitados. O filme exige olhares múltiplos. É complicado ir contra algo que foi “baseado em fatos reais” – o imperativo da realidade da coisa tem seu valor...

Quem vai só pra se divertir talvez saia do cinema achando que teve uma boa diversão. Outros certamente saem balançando a cabeça pensando “o mundo está perdido... Jim Carrey naquela cena, ó!”. Sinceramente, pra mim, a sensação é a de ter ouvido um “ele é gay mas é gente boa”... ou, pior ainda: “ele é desonesto, mentiroso, pervertido, ex-presidiário, mas é capaz de amar, o que é uma coisa muito bonitinha, mesmo ele sendo gay”. Ah, e o QI de Russel é 163, segundo Wikipédia.

O último golpe de Steven Jay Russel não é fingir a própria morte por AIDS – na verdade o golpe nem é dele. O golpe é vender a história como algo... legal.

E não é.

But... Vejam.

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