sábado, 18 de dezembro de 2010

Everybody here getting out of control!

Uma menina doida rodando até cair no chão de tonta no jardim; um evangélico gritando desesperadamente aleluia e glória ao senhor na igreja da periferia; três amigos pulando como pipoca ao som tonitruante de um Techno que vai até o fundo do coração e do cérebro; o cachaceiro da esquina se perdendo em filosofias de bar... o que é que tudo isso tem em comum? Missy Elliott que responda: “everybody here getting out of control”.

Em alguns momentos, em alguns contextos sociais, psicológicos e escandalógicos, viver completamente senhores de si e funcionando como seres humanos corretos, capazes de fazer uma conta matemática ou afetiva de cabeça, de gerir todas as coisas da melhor maneira possível , não é fácil, não é nem agradável... Do polo que arrogantemente (pra não dizer magicamente) chamamos de razão àquele que com careta ou medo chamamos de loucura, parece que temos que de vez em quando transitar, ir de uma lado pro outro, com o risco de, se não fizermos,  morar definitivamente nesse último.

Estou falando de estados alterados de consciência. Supondo-se que a consciência que nos permite fazer as tarefas do dia-a-dia, sermos cri-cris e trabalhadores tous les jours seja o normal, diz-se (de pscinalistas e psiquiatras ao dono do bar da esquina) que todo ser inteligente precisa de por alguns momentos que seja experimentar uma desconexão, uma “lombra”, uma “coisa”... Isso é o estado alterado de consciência. Consegue-se tal “coisa” de várias formas. As mais criativas e destrutivas são, claro, os seres humanos que inventam: cigarro, álcool, maconha, religião, torcida de futebol, etc.  Mas não somos os únicos. Parece que lêmures espalham pelo corpo substâncias que extraem partindo ao meio um certo tipo tóxico de minhoca ao meio pra ficarem meio doidões... Algumas aves e mamíferos comem regularmente folhas e frutos de suas árvores preferidas fermentadas pra depois ficarem como eu ou vc com três copos de cerveja nos coro: legais e mais simpáticos ainda.

Nós adoramos estados alterados de consciência. No fim de semana é quando mais se procura por isso. Na infância certas brincadeiras valem como bebida. Na idade adulta a p****** cria um leque de opções. É claro que algumas pessoas, talvez por não saberem lidar muito bem com certos aspectos problemáticos que a “consciência” traz consigo (problemas no trabalho, no coração [yi!], no corpo...), acabam se viciando na embriaguez dos sentidos que devia vir no máximo apenas algumas vezes por semana ou por mês. As consequências são várias, mas em geral têm a ver com falta de funcionalidade: bêbados, deprimidos, reprovados, eternamente solteiros, ou eternamente mal-acompanhados, etc.

É interessante notar que todos estão no mesmo barco – é o que dizem especialistas do cérebro e do comportamento humano. A religiosa que entra em êxtase à la Santa Tereza falando com o deus cristão não é muito diferente da bixa louca que arrasa no bate-cabelo truando na boate – a nível de experiência sensorial, claro. O que se faz com essa experiência, aí já é de cada um. Por exemplo, a religiosa no dia seguinte pode estar fofocando e maldizendo a vizinha, enquanto que a bixa pode estar cortando cenoura pra sopa dos desabrigados da enchente. Como sempre, há vários caminhos possíveis...



Como não raro acontece, me disperso... Enfim, já dizia a Bíblia, o Dao De Jing, o Bhagavad Gita e o índio Tupã-Açu (esse último é uma suposição... mas e os outros...? esquece!) que tudo em excesso faz mal. Pois muito bem. Vamos enlouquecer de vez em quando (uma pitada de caos, de sal na vida faz bem!), mas comedidamente!


Ah, a propósito, Stromae fala mais ou menos disso nesse clipe: House'Lelujah. Êxtase, religião e balada.


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