domingo, 20 de março de 2011

عندما يختلط الدم مع النفط

Esse títulos de post em árabe traduzidos pelo Google servem pra sinalizar que falarei de coisas relativas a esse fenômeno que nem os especialistas sabem bem em que vai dar: essa longa primavera árabe de revoluções (ou revoltas, como idiotamente insistem jornalecos como Folha de São Paulo).


Mais uma guerra começou. Palavras como democracia, liberdade, direitos humanos são repetidas de forma que até uma criança do primário teria vergonha de entregar uma redação do tipo à professora. Não, não direi que tudo, todos os atos e palavras e discursos testemunhados até agora são truques cínicos por trás dos quais só há ambição e ganância por dinheiro e poder (pleonasmo? Psiquiatras talvez dissessem que não). Acredito sim que há quem lute com algo mais em mente do que dinheiro e poder: amor, esperança, desejo de viver em paz, de poder pensar e dizer o que pensa sem morrer...

Mas vejamos. As sociedades humanas são complexas demais para serem eficazmente descritas num mero blog cheio de ideias e impressões como esse. No entanto, há aqui um cérebro que funciona - até o momento com um nível considerável de acuidade - e este cérebro combinou as seguintes informações, meio ao acaso, meio seguindo uma vontade inveterada de entender as coisas da maneira menos parcial possível:

- EUA, França e Reino Unido são países do bem - às vezes. Revolução Francesa, Declaração dos Direitos Humanos, abolição da escravidão... Lindo. But: Sarkozy e Le Pen, abusos da metrópole francesa no Maghreb, Vietnã, Iraque (etc, etc), Guerra do Paraguai (lembrem-se, Argentina e Brasil, cachorrinhos raivosos atiçados pela Inglaterra destruíram o país que hoje seria o manda-chuva da região se não tivéssemos matado 80% de sua população masculina...)...

- Iêmen e Bahrein também tem povos sofrendo abusos de ditadores inescrupulosos... Porque não uma dose de "liberdade, direitos humanos, paz, etc, etc" lá também?

- As reservas de petróleo de Iêmen e Bahrein ou são quase nulas ou inexistentes;

- China;

- Chávez;

- Israel...

Os três últimos pontos dizem respeito a: 

Coisas óbvias no que diz respeito ao regime comunista capitalista chinês (que manda uma equipe de trabalhadores com britadeiras barulhentas pra atrapalhar a manifestação das três pessoas que tiveram coragem de comparecer ao local marcado contra as restrições de liberdade); ao troglodita, demagógico mas bem articulado e perspicaz presidente sul-americano que se utiliza de mágoas de cabocla locais e cartilhas revolucionárias antiquadas para tentar se convencer de que está fazendo a melhor coisa para o seu povo; e à nação cujos dirigentes se utilizam de ódios milenares e religiosos para justificar genocídios e injustiças bem aos olhos de todo o mundo ocidental, nas pessoas de Obama, Sarkozy e cia.

Por mais esperançosos que sejamos, um pouco de cinismo faz bem sim. É claro que o saldo das revoluções árabes será positivo no quesito democracia (por mais corrompida e pervertida que esta ideia esteja nos dias de hoje - e de sempre aliás). Mas como alguém sempre tem que sair ganhando com isso - ganhando dinheiro, leia-se - é claro também que o preço do petróleo para os países aliados vai baixar com uma Líbia "democrática".

Sem demagogia, mas, pr finalizar meu último pensamento desse texto vai praquela criança que olha pros mísseis, dos rebeldes, dos aliados ou de Kaddhafi, se assusta com a explosão e não entende muito bem o que se passa e nem dorme, com medo, ou com fome... Esse pensamento também vai pros que lutam nessas guerras achando que lutam pelas suas famílias, pelo seu sangue, mas que na verdade tem como insuspeitado e inconsciente propósito garantir alguns milhares de dólares a mais no bolso de alguns governos "libertários, democráticos e justos" do Ocidente.

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