quarta-feira, 25 de maio de 2011

Esparsos

Antes de dormir às vezes leio Nietzsche. Ontem ele me disse algo como "se vc luta contra monstros todo dia, tome cuidado para não deixar que essa luta o torne um deles". Muito pertinente, ousaria dizer. E isso pede outra reflexão, de cunho extremamente pessoal e mais ou menos do tipo "inocência pueril": é estarrecedor (para a minha periclitante pessoa) como um ser humano pode cultuvar com tanto esmero a capacidade de ser... insuportável, e diria - mesmo com risco de parecer maniqueísta - de ser mal mesmo. É que aprendi com a minha mãe que as pessoas em geral só fazem mal às outras como fruto de um engano, ou desleixo, ou ignorância - não estava muito no meu escopo de como ser um ser humano, que uma pessoa pudesse gargalhar na penumbra diante do espelho maldades contra outra pessoa e estar consciente disso... E tudo isso apesar de ter sido vítima durante a infância de Chapeuzinho Vermelho, Branca de Neve, Xuxa e o Baixo Astral - na verdade, a cena do assassinato do Lobo Mau sempre me incomodou, punição tudo bem, mas homicídio hediondo?... enfim. Não careço de um "benvindo ao mundo real, Neo", é que é triste quando se testemunha fatos corroboradores da ideia de que o homem pode ser satânico quando quer...


Mas para contrabalancear esses momentos de aprendizados desagradáveis, existem as ocasiões em que sorrisos e palavras suaves vindas de todo canto fazem bem a vc. Alunos, amigos, meros desconhecidos. É um refrigério, eu diria. E as emoções, as sensações que um simples dia como este podem causar num corpo como qualquer outro, é que me lembram o que em certos momento é tão fácil esquecer: que existir é muito interessante. E que se vc parar pra pensar, mas pensar mesmo, porém sem deixar de sentir, vc vê que sair verborrágico como Clarice Lispector ou Fernando Pessoa se torna fácil - pelo menos na imaginação... (olha, e é pq hoje nem vi beija-flores nem fui à praia).

E o amor exige muito de vc. É a mistura de uma planta, um bebê, um filme policial, uma novela mexicana do SBT e uma jóia. Tem que se cuidar todo dia; por mais que vc cuide e ame pode vir a se tornar uma criatura completamente rebelde e diferente de vc; é cheio de mistérios e "crimes'; pululam cenas piegas e melosas; cuida-se como coisa valiosa, um dia envelhece mas não perde a beleza... Yeiiii...

Quanto ao paradoxo do tempo, melhor não gastar mais que dois minutos com isso, por questão de praticidade e funcionalidade do quotidiano. (síndrome dos quase 30 talvez...)

"There is a light above our head" - quem disse isso? Madonna ou a Bíblia? Tanto faz.

Amanhã será um lindo dia - ok, meu lirismo também me constrange. :)

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