domingo, 13 de novembro de 2011

La Piel que Habito

A metade do filme é classicamente Almodóvar: a cor vermelha, reflexões visuais sobre o corpo, menção à animalidade do homem, sexo direto e indireto, um pouco de sangue, de suspense, de tragédia e pitadas de trash. Quando começa a cansar, aí Almodóvar lembra porque é chamado de gênio, e num jogo surpreendente e desestabilizante nos faz engolir goela abaixo os restos de preconceito que ainda alguns ousam ter quando se fala de ser ou não ser alguma coisa... 

Compartilho da sede de investigação e da agonia do diretor espanhol a respeito do que é ser um homem, do que é ser uma mulher. As soluções que ele encontra pra expressar as imprecisões e limitações do pensamento humano sobre o assunto são únicas e poderosas.

Popmente falando, eu diria que Rafinha Bastos e cia (misóginos defensores do estupro) deveriam urgentemente ver esse filme. Ou talvez não - sairiam do cinema dando as risadinhas histéricas que se ouviram de meia dúzia de pessoas que estavam a fim talvez só de algumas cenas de homossexualidade com reflexões existenciais diluídas em piadas mais ou menos leves...

Talvez La Piel que Habito não tenha o ritmo de Kika ou a extrema poesia de Hable con Ella - mas é mais incisivo, mais sexual e reflexivamente penetrante do que qualquer outro.

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