terça-feira, 12 de junho de 2012

Para formigas e abelhas

Sim, é um dia como os outros - e por isso mesmo, um bom dia pra dedicar uma coisa que se pensou ser bonita ou bonitinha para a pessoa amada:

Não achei o título ainda, mas seria algo como "Eu te amo da cabeça aos pés" ou "Gosto até dos seus defeitos" ou "Olha, amor, que eu fiz pra vc..." ou "Leia e pelo menos finja que gostou".

Gosto do seu azul me olhando assim,
Dos toques vários de vermelhos da flor da pele
Do de dentro 
Que sai ora sol,
Ora chuva, ora amor, ora a morte.

Eu gosto do ninho desfeito nas tempestades nossas,
Que depois calmos fiamos pra mais tarde e pra mais noite.

Gosto quando os deuses bebem do sangue das nossas tragédias,
E embriagados morrem de rir se decompondo
Em borboletas ou cacos de vidro,
Pra conceder a graça do perdão no telefone.

Gosto das marcas do lençol no rosto,
Da noite toda na boca,
Da órbita lenta dos gestos recém amanhecidos,
Da falta do bom dia de ter nascido.

Gosto do dia mitológico da criação de Nós,
Das voltas doidas que o mundo nos dá,
Da gente tonto às vezes de existir
Procurando a mão do outro no escuro.

Eu gosto da saudade e dos nãos,
Das mãos, do cheiro e do pelo.
Gosto desse riso bobo na cara séria demais,
Gosto dos desgostos compensados no gosto do corpo,
Da forma e do tamanho do abraço.

Gosto do gosto da lágrima e do sorriso,
Dos demônios que educamos
Dos medos mal domados sob a cama.
Eu gosto dos cheiros todos dos momentos,
Do relógio que oscila e dá as horas,
Da impressão de apocalipse,
Da sensação de eternidade.

Gosto da nossa terra
Com seus mares
E desertos
E montanhas
E abismos,
Floresta verde, pedra nua
Campos, cactos, fomes, farturas
E estações de loucura
Primavera ou inferno ou tons de verão na praia,
Nunca sábios como num fim,
Sem a inocência do começo:
É assim que quero,
que gosto, 
que vivo,
que amo.


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