quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Stendhal

Dizer que Stendhal não supunha que sua vida sobreviveria em sua obra por séculos seria um clichê de modéstia projetada não aplicável ao caso. A inteligência, a ambição, a circunspecção, o sentido de estratégia, a paixão de Julien Sorel - seu personagem mais célebre - apontam para qualidades biográficas do autor que levam tranquilamente seus leitores a dizerem sim ao prazer e à certeza de ele saber quem é e gozar disso infinitamente...

230 anos depois do dia de seu nascimento, lhe agradeço (como se agradece a um amigo-irmão) por ter sofrido, rido, chorado, vencido e perdido comigo ao longo de dias, semanas e meses em que vivi e revivi a vida de Julien Sorel; agradeço pela jornada ambiciosa e ingênua na floresta de virtudes, vícios, pecados, glórias, difamações, inveja, religião da aristocracia da França do século XIX...

Agradeço por ter me ensinado elementos do óbvio sobre seres humanos, incluindo mentira, amor, paixão, ambição, orgulho, devoção - tudo devidamente confirmado, rechaçado e modulado posteriormente pela Vida fora dos livros...

Agradeço por ter feito companhia ao lado do meu reflexo pálido no espelho, coisa que pra um adolescente ansioso e um tanto cego é muita coisa.

E enfim, no sentido místico-borgiano, agradeço por ter me permitido ser Julien Vinícius Sorel Bezerra por momentos de completude infinitos e inesquecíveis.




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