segunda-feira, 6 de novembro de 2017

O humanismo utópico político de Designated Survivor

Resultado de imagem para designated survivorNum mundo de Trumps, Têmeres, Macrons e Kim-Jong-Uns, um presidente humano, honesto, simples, inteligente, amoroso e legal é o sonho de consumo de todo mundo. E, pior que é só um sonho mesmo… Esse é Tom Kirkman  Kiefer Sutherland, o cara que estrela um curioso seriado produzido pela ABC americana e que rola no Netflix, a conta gotas: um episódio por semana.

Tom Kirkman é aquele amigo gente boa, com quem você pode contar sempre. Ele não mente, não trapaceia, destesta políticos corruptos e oportunistas, e governa o país mais poderoso do mundo(até agora). Ok, mas, mesmo num seriado, é de se perguntar: como ele, sendo essa alma boa e cândida, chegou lá na cadeira de presidente? Obviamente que não foi por meio de um processo eleitoral cheio de alianças toscas, de propagandas agressivas e ataques baratos, como vemos no mundo todo. Seria preciso formatar todo o governo americano... e foi isso que aconteceu: um mega-atentado tranforma a Casa Branca em pó e, com ela, os nomes mais importantes da política americana, incluindo o presidente. A constituição dos EUA prevê a existÊncia do Designated survivor, o sobrevivente designado, alguém que deve assumir a presidência do país em casos extremos. Pois Tom Kirkman era um designated survivor, e voilà: um joão ninguém, o seu zé da esquina toma posse da cadeira mais poderosa do mundo... Ele era um secretário de alguma coisa, um cargo semi-insignificante, do qual tinha sido demitido, aliás, pelo próprio presidente antes de este morrer no ataque terrorista.

A questão é: passando por mil e um percalços, desprezo, dúvida do povo americano, ódio dos políticos que se recusam a serem liderados por um desconhecido, o secretáro de alguma coisa vai conseguindo provar, ao longo dos episódios, que pode sim tocar o barco e mandar na p*rra toda, e se transforma num presidente respeitável e eficiente, e, sobretudo, como já disse, humano.

Resultado de imagem para tom kirkmanA personalidade empática de Kirkman, seu caráter, seu sorriso bobo, seu otimismo, sua fé na humanidade e suas saídas geniais diante de crises, no começo, causam dúvidas em quem começa a acompanhar o seriado; mas depois têm um efeito apaziguador de… esperança. Apesar de a história ser muito bem contada, de personagens interessantes e fortes, em alguns momentos a ação beira o fantástico: Kirkman é legal demais, as coisas se resolvem bem demais, os empregados imediatos dele são eficientes (e humanos) demais também… Porém,  exatamente como um filme romântico, ou um drama choroso mas bem construído, a história do sobrevivente designado cativa e dá esperança. Sim, pois apesar de se tratar de uma visão utópica de uma pesonalidade política, é algo que faz bem ver, que chega a inspirar, em algumas cenas, de forma emocionante. Nesse sentido, Designated Survivor é o exato oposto da quase moribunda House of Cards: o desespero e o nojo que Kevin Spacey nos deu, Kirkman compensa com uma dose de humanismo que, mesmo você não engolindo, faz bem pra alma (você também não acredita que a Elsa ou o Nemo existem, e achou fofo do mesmo jeito).


Então, veja. É o tipo de seriado que conduz seu pensamento em direção a coisas boas – que é algo de que realmente precisamos nos últimos tempos.