sexta-feira, 15 de abril de 2016

Esses dias eu vi... Unbreakable Kimmy Schmidt

Tem povo pra ter mais criatividade pra criar séries de TV (me dou o direito de dizer “de TV” porque de vez em quando um arcaísmo faz bem) do que os americanos? Tenho pra mim que se você procurar um seriado de uma mulher trans ruiva que defende os direitos dos animais até à morte enquanto filosofa sobre a vida com piadas ácidas e doses de romantismo démodé, você vai achar.

Há meses, por meio do inimigo número um das operadoras de tv paga do país, e nova droga dos solitários e dos que padecem de ansiedade e pré-depressão – netflix - , achei um novo seriado legal: Unbreakeble Kimmi Schmidt.

O mote da história é estranho e indica algum tipo de humor sarcástico: uma mulher de trinta e poucos é libertada de um bunker onde vivia com outras três e um fanático religioso que as havia convencido de que o mundo tinha sofrido uma hecatombe nuclear. As risadas começam quando ela sai:

Ela vê-se jogada num mundo que envelheceu e evoluiu quinze anos, o que faz da aventura dela uma viagem no tempo. A série brinca com as trapalhadas dela com a tecnologia, com os novos modos de viver e com a mídia dominada por memes. Acrescente-se ao drama da protagonista, a Kimmi, o fato de ela abandonar sua minúscula cidade Natal para enfrentar a grandeza caótica e ultra-hipster-pós-moderna, New York. Lá, no meio da fauna urbana decadente, ela se torna a melhor amiga de um homossexual negro, acima do peso e vítima de ataques de estrelismo; de uma senhora pós-hippie meio perturbada da cabeça; e de uma socialite fútil, solitária e desesperada.

Os diálogos são condensações de ironias, críticas e reflexões light e jocosas sobre a superficialidade da vida contemporânea. Casamento, amizade, dinheiro, solidão e amor são temas recorrentes nos diálogos e cenas, tratados por meio de piadas ora inteligentíssimas, ora propositalmente idiotas – o que faz rir alegremente em 90% dos casos.


É um seriado leve e despretensioso. Não tem nada de revolucionário – porém brinca de um jeito divertido com a Vida através dessa fixação em metalinguagem, própria de muitos seriados atuais. O afã de Kimmy em ajudar as pessoas ao seu redor de uma forma quase pura ajuda a desestressar. Vale à pena. Os episódios são curtos, rápidos, enxutos e coloridos. HashtagLegal.

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